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domingo, 27 de novembro de 2011


É ruim quando percebemos que mudamos. Quando percebemos que toda aquela magia acaba. Lembro-me dos meus dias de criança. Odiava acordar cedo para ir à escola, até hoje odeio. Mas antes eu odiava porque preferia ficar brincando. Bem, talvez esta não seja a palavra certa. Eu gostava de quebrar os braços, as pernas das minhas bonecas. Às vezes colocava batom em sua boca. Outras vezes, eu brincava de mamãe. Sempre as tratava com muito amor. O amor que eu esperava receber. Desde pequena eu sabia disso.
Ia para a escola, divertia-me. Chegava em casa, tomava um banho, fazia meu dever (com muita pressa, porque queria ir para a rua brincar com as minhas amiguinhas). Depois dormia. Todos os dias eram iguais. Mas, sabe, era uma boa rotina. Gostava do céu. Lembro que eu assitia a um seriado, sei lá, que falava sobre planetas, estrelas, Lua, enfim. Era ao meio-dia e eu ficava lá na frente da TV, na expectativa de assistir a ele. Depois de um tempo, quando eu já tinha uns 10 anos, assisti Impacto Profundo. Amei esse filme! Falava sobre Astronomia, um trocinho lá que causou uma tsunami.
Nessa época, eu encontrei o meu "primeiro amor". Eu era uma iludida. Via filmes de romances e ficava me imaginando neles. Queria casar, ter meus filhos, queria muito amar. Mas eu não amei nessa idade, e no fundo eu sabia disso.
No outro ano, entrei em um colégio que mudou a minha vida completamente. No começo, eu não gostei muito de lá, porque as meninas da minha sala não eram muito normais. Na verdade, eu não era normal. Eu era "emo" e me achava mais madura que todos. Sério, era patético isso. No ano seguinte eu já não era mais assim. E elas já não eram tão metidas. Tornamo-nos amigas, e até hoje somos amigas. Espero que daqui a uns 10 anos também sejamos amigas.
Sempre tive problemas em casa. Desde pequena. Porém, não me machucavam tanto. Na verdade, machucavam sim, mas quando eu chegava à escola e via o sorriso dos meus amigos, tudo se tornava lindo para mim e eu esquecia esses problemas que me incomodavam tanto.
Só que, do nada, a vida resolveu brincar comigo. 
Sempre fui simpática. Quando algum novato chegava à sala, eu era a primeira a ir falar com ele, perguntar de onde ele veio, falava sobre minha vida, sobre o colégio atual, sobre tudo. Talvez ele me achasse uma louca tagarela, porque eu realmente falava muito. Sei lá, gostava de que as pessoas se sentissem bem ao estar comigo. 
Sempre acreditei em contos de fadas. Rebelde/RBD me fizeram crer nos meus sonhos e lutar por eles. Fizeram-me crer também que a vida é uma magia. Que tudo isso que nos cerca é uma magia.
Sempre acreditei no amor. Acreditava que um abraço era um sinal de proteção, carinho...
Sempre fui divertida.
Sempre fui meio louca.
Até que, aos poucos, isso foi se dissipando. Por quê? Por causa de mim mesma. Eu corri atrás disso. Não que eu tenha escolhido: "ah, é isso mesmo que eu quero." Não, não foi assim. Contudo, se eu tivesse lutado antes, não seria como agora. Agora não há mais sentido algum.
No começo, eu consegui superar. Sabe, eu ficava triste pelos cantos, e não escondia nunca a minha dor. Eu mostrava mesmo, não estava nem aí. Até que as pessoas começaram a me julgar e outras até rir de mim. Foi aí que eu comecei a aprender sobre "o que é ser forte". Foi quando eu vi que precisava mudar, que precisava parar de chorar, que precisava parar de sofrer. Então comecei a mentir. Até para aqueles que sempre estiveram ao meu lado, me apoiando. Até para eles eu menti. Minha resposta era "não". Não chorava, sorria pelos cantos, era "feliz".
Foi aí que eu fui me tornando a pessoa que eu sou hoje. 
Às vezes eu lembrava e doía tanto, mas tanto. Contudo, a maioria dos dias eram felizes. Sorria de verdade, mesmo que no fundo doesse.
Em poucos meses isso mudou. 2011 chegou e foi/está sendo foi muito ruim. O chão se abriu... e eu caí.
E depois de tantos meses, aqui estou eu. Mas só fui perceber que mudei mesmo antes de ontem. Estava rodeada de pessoas, mas me senti só. Senti-me só porque eu já não sorri do mesmo jeito, já não consegui ser simpática do mesmo jeito, já não me diverti do mesmo jeito. Quando cheguei em casa, chorei muito. Doeu tanto, mas tanto, que minha solução foi dormir. Talvez dormir me salve. Fui dormir com este pensamento. No entanto esqueci que existem os sonhos. São lindos, mas, por serem tão lindos, tornam-se feios, porque eu não queria mais sonhar.
Ano que vem também vai doer, eu sei, mas vai ser diferente. Eu já pedi a ajuda de Deus e sei que Ele não me abandonará. Vou lutar contra mim mesma, todos os dias, para isso acabar. Eu criei tudo isso, então eu vou acabar com tudo. Sei que sou forte. Sei que 90% das pessoas que conheço não conseguiriam passar por isso. Ainda resta um pouco de esperança, mesmo que muitas coisas tenham sido perdidas.

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